Bela homenagem

Taí uma boa homenagem do Aurimar (chargista do Diário do Povo) ao ex-deputado Humberto Reis da Silveira. Humberto merece.
Nao sei se algum historiador teve a sabedoria de colher o depoimento de Humberto Reis, nesses últimos anos. Sim, porque ele foi parte ativa da política do Piauí por mais de 50 anos, parte desse período com muita influência.
Infelizmente, poucos têm cuidado dessa história política piauiense. Talvez quem tenha feito melhor trabalho nessa área seja o jornalista Zózimo Tavares, mesmo por caminhos tortuosos, sem o compromisso e o rigor do hostoriador - que afinal nao é esse mesmo seu propósito. Zózimo é um contador de histórias. E, como tal, um bom revelador de facetas de nossa história.

E o Zé Dirceu quer provas

Zé Dirceu faz de tudo no campo jurídico, fora do Congresso, para tentar salvar a pele. Esquece a autonomia dos poderes. E esquece sobretudo as evidências. O caso dele bem se ajusta a este cartum que reproduzo aí do lado. É um cartum do Washington Post da época do escândalo do Watergate, quando todas as evidências levaram à Casa Branca, mas Nixon e companhia (como Dirceu e Cia.) negavam tudo.
O texto do cartum diz "Strange. All seen to have some connection with this place" (algo como "estranho, tudo parece ter alguma conexão com esse lugar") .
Pois assim é o caso do Dirceu. Mas, como Nixon em 1972, ele teima em negar tudo, tudo, tudo.
Sabemos o quanto Nixon era inocente...

Arma em casa é um perigo

Sei! Sei! O "Não" vai ganhar o referendo. Nem por isso deixo de reafirmar: sou pela proibição da venda de armas. Sou pelo "Sim".
Ter arma é o primeiro passo para a concretização de tragédias, seja na escola, no jardim ou em casa. Só usa arma quem tem uma ao alcance da mão. E o fato de se ter um revólver em casa não equilibra o jogo com o bandido. É pura ilusão. E um risco a mais: na crença de que podemos enfrentar o bandido (que normalmente sabe usar o revólver dele melhor que nós ao nosso), terminando esboçando uma reação que termina em tragédia... contra nós.
Estes são argumentos mais ou menos racionais. Para quem quiser um "argumento" mais descontraído, fica aí a charge do www.humortaleda.com.br, tentando provar os riscos de se ter uma arma em casa. A charge tem sua pitada de preconceito. Mas, quem sabe, pode ainda ganhar algum voto para o Sim de hoje para amanhã.

Publicidade, fumo e impotência

É um tanto paradoxal, mas na civilizada Europa fuma-se como em nenhuma outra parte. Na Espanha, então... Um horror!!
É cultural. Mas nem por isso deixa de causar milhões de problemas que sabemos bem. E as instituições ligadas à saúde lutam desesperadamente pela redução desse hábito que afeta pulmões, estômago, cérebro, dentes, hálito, pênis...
Uma campanha publicitária recente (que alcançou quase toda a Europa e incluiu as carteiras de cigarro), visando desestimular o uso do fumo, produziu peças magníficas. Uma delas - focada no público masculino - alerta para os riscos sobre a potência sexual. Numa criação estupenda digna de Luri Almeida e Dário Mackenzie, o cigarro queimado pela metade ganha a forma de um falo, digamos, a meia bomba... se tanto.
O texto (ver arte aí do lado) diz que fumar pode reduzir o fluxo sangüíneo e causar impotência. Mas a imagem, convenhamos, diz mais que qualquer coisa.
Um recado e tanto. E que vale para europeus, chineses, japoneses, brasileiros...

Nélida, voz brasileira

Depois da passagem não muito esfuziante de Lula por Salamanca, o Brasil voltou a fazer bonito na Espanha. E não foi através dos pés de Ronaldo, nem dos passes de Ronaldinho. Foi através da cabeça da escritora Nélida Piñon, ganhadora do Prêmio Príncipe de Astúrias de Letras. O Prêmio tem amplo reconhecimento internacional e este ano, além de Nélida, agraciou nomes como o piloto Fernando Alonso, o cientista político italiano Giovanni Sartori, o pesquisador português Antônio Damásio e a ativista francesa Simone Veil. O bonito é que a escritora brasileira (que tem antecedentes na Galícia), junto com Sartori, falou em nome dos agraciados. E fez um discurso denso, poético e emocionante, muito elogiado na solenidade. Mais que isso, Nélida Piñon (na foto com Fernando Alonso) teve sua obra literária amplamente destacada na mídia espanhola na última semana.
Pode-se dizer, o Brasil saiu bonito na foto.

Parto ao vivo na TV

Pedro Bial por certo se morde de inveja: o Big Brother da TV holandesa colocou no ar o parto de uma das participantes do programa. A escolha da candidata foi feita sob medida, para o parto acontecer durante o período em que estivesse encerrada na casa.
As imagens (pelo menos as disponíveis na Internet) são fraquinhas. Uns ângulos fajutinhos, frames que mostram uma parturiente muito descansada e umas fotos "quase maquiadas". Mas deve ter rendido boa audiência, a efetiva intenção da emissora.
Quem quiser ver as imagens, pode acessar:
http://www.talpa.tv/big-brother/fotovideo.html
Aí, é só escolher este e outros vídeos.
Para entender o que está escrito lá, aí só pedindo ajuda ao talentoso Marcelo Evellyn, craque piauiense da cança que faz sucesso na Holanda e resto da europa.
Agora, com certeza não pergunte a ele sobre o tal programa.
Com certeza ele está noutra praia.

As melhoras capas de revista

Um grupo de editores de revistas escolheram as melhores capas publicadas nos últimos 40 anos. Foram selecionadas 34 capas, cada uma mais especial que a outra, com os mais diversos apelos -há coisa suave, humorada ou simplesmente "silencioso" lamento, como uma capa negra da The New Yorker após o 11 de setembro de 2001. Segundo os editores, a melhor de todas criações é uma capa da Rolling Stones de 1981 em que John Lennon aparece nu, abraçado com Yoko Ono. Está certo, Yoko não enche os olhos de todos... mas vale a pena ver.
Há outras capas divinas, como a da Vanity Fair com Demi Moore grávida e nua, uma Esquire com Andy Warol sugado pelo redemoinho de sopa Campbell, a da revista ESPN com Air Jordan salcando e deixando como sombra um pássaro, a hilária capa da The Nation com Bush como o débil da Mash, a The New Yorker de capa inteiramente negra no mais contundente protesto contra a brutalidade do terror ou ainda uma People em homenagem a Lady Di, simplesmente linda.
Quem quiser ver as capas pode acessar:
http://www.elpais.es/articulo/elpporcul/20051018elpepucul_1/Tes
Quando a página abrir, é só clicar em "Fotogaleria". É uma aula de jornalismo gráfico. De pura arte.

Spots com bobagem

Meu amigo Mackenzie, também conhecido como Dário, pergunta como é a propaganda na Espanha. E quer saber se há chatos como o sujeito da Casas Bahias.
Claro. Bobagem encontramos em toda parte.
E, ainda que a Espanha tenha uma propaganda muito boa, na média fica debraus abaixo das criações brasileiras. E encontramos vários garotos da Casas Bahia por aqui.
Um em especial é a cara da versão paulistana: o tal sujeito apresenta as promoções da Media Mark (uma ótima rede de produtos eletrônicos e de informática) e fecha com o bordão "porque no soy tonto" ("porque não sou bobo", em espanhol). O cara é um mala, apesar da loja ser beleza!
Traduzindo, Mackenzie: a bobagem e a chatura são valores universais. A criatividade, nem tanto.

A vez das mulheres

Angela Merkel vai assumir o comando da Alemanha. E mais mulheres devem assumir o comando de nações importantes. Se depender das previsões de Dick Morris, as próximas eleições dos Estados Unidos devem levar uma mulher ao cargo. Morris diz mais: a disputa poderá ser entre duas mulheres, a senadora democrata Hillary Clinton e a a conservadora Secretária de Estado, Condoleezza Rice, a “senhora da guerra” da primeira gestão W. Bush.
As previsões de Dick Morris não podem ser tratadas como as de um guru qualquer desejoso de projeção, ainda que hoje viva de dar palpite para Deus e o mundo. Morris se notabilizou exatamente por ser palpiteiro de Bill Clinton, e se converter em nome central na definição das estratégias do marido de Hillary quando era presidente. Clinton diz que o que mais gostava em Morris é que dizia exatamente o que não gostaria de ouvir - como deve fazer um bom assessor político, quando a situação assim pede. Mesmo sabendo que os políticos odeiam palavras que não sejam elogios, elogios e elogios.
Nos últimos anos, Dick Morris assumiu de vez a condição de conselheiro dos príncipes, como um Maquiavel moderno. Seu livro O Novo Príncipe é bem isso. E, apesar de algumas simplificações bobas, bem poderia ser lido pelos políticos de todos os naipes.
Alguns palpites e produtos de Morris podem ser vistos em sua página na Web: http://www.vote.com/.
Há também uma bela entrevista que deu este domingo ao espanhol El Pais. Pode ser acessada em:
http://www.elpais.es/articulo/elpdomrpj/20051009elpdmgrep_1/Tes/
São boas dicas e lições.

O Bispo, o projeto e o São Francisco

Sou devoto de São Francisco. Do santo e do rio.
E acompanho desde sempre a discussão sobre a transposição do Velho Chico. Tenho um pé atrás. Melhor, os dois.
Sim, o bispo Luiz Flavio Cappio encerrou a greve de fome contra o projeto de transposição encabeçado por Ciro, o Gomes. A greve acabou mas não o debate. Um debate que deveria ter ocorrido de maneira aberta e ampla muito cedo.
Mas, infelizmente, não foi assim...
Temos problema de água, é certo. Mas o principal problema não é esse. Se fosse assim, a beira do Parnaíba seria um oásis. A realidade não é essa: a maior parte da beira do Velho Monge é cercada por fazendas cujos proprietários sequer (e indevidamente) permitem que sejam feitas vazantes.
Quem dúvida, que veja as beiradas do Parnaíba nas proximidades de Teresina, seguindo para União etc. (O deputado João de Deus conhece bem essa realidade)
O mesmo problema pode ser encontrado em todos os outros estados do Nordeste, mesmo o Ceará, carente de rios mais vigorosos. Mesmo o Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, que exporta frutas para uma dezenas de países (de uns dois projetos privados de irrigação), é cultivado tão-somente em uma pequena faixa. O resto é, literalmente, propriedade improdutiva.
Traduzindo: o principal problema não é de água, mas de acesso à água.
E, daí, de condições para produção.
Neste caso específico do projeto do Ciro, há um problema a mais: de transparência.

Criatividade na Internet

Às vezes vemos cada coisa na Internet que dá medo. Ou raiva.
Pois quem anda buscando coisa criativa na Internet bem pode ver o site da Volvo Espanha para o lançamento do S40. Simplesmente espetacular.
O internauta fica passando de um item a outro só para ver como é a cena seguinte.
Acesse rápido este endereço:
http://213.229.166.16/S40/index.htm
Em cada página, passeie com o "lápis" pela tela. A sacada do iceberg é simplesmente demais..
Vocês vão adorar. Sim, porque criatividade é sempre uma boa pedida.

Lula e Wellington em Salamanca

O presidente Lula, claro, vai estar em Salamanca na reunião dos chefes de governo e de Estado da América Latina, Portugal e Espanha, sexta e sábado, 14 e 15. Na comitiva, traz o governador do Piauí, Wellington Dias. Antes de desembarcarem na Espanha passam em terras lusitanas. Depois de três dias em Salamanca, seguem para a Itália.
Pelo menos até agora, não há nada marcado extra-agenda da Cumbre. Muitos outros presidentes terão encontros com conterrâneos que estudam ou trabalham na Espanha. No caso do Brasil, há uns 300 brasileiros somente em Salamanca, boa parte estudando doutorado na Universidade de Salamanca. Em Madrid, Barcelona e outras ccidades espanholas, há muito mais brasileiros.

IberoAmérica busca novo modelo

Nesta próxima semana, os chefes de governo e chefes de Estado da América Latina, Portugal e Espanha se reúnem em Salamanca (Espanha). Serão dois dias de discussão, 14 e 15. Mas a questão é uma só: buscar um novo modelo de desenvolvimento, especialmente para a América Latina.
O chamado modelo neoliberal fracassou: nos últimos 15 anos de liberação de mercado e redução do Estado, até se pôde ver algum nível de desenvolvimento, mas ficou muito mais patente o efeito sobre os índices de pobreza. De fato, as privatizações, desregulamentação do mercado e coisas do gênero aprofundaram as desigualdades. A pobreza é uma realidade gritante, uma vergonha maior que antes.
O tom da Cumbre - como chamam a reunião - já foi dado pelo secretário-geral do encontro, o ex-presidente do BID, Enrique Iglesias: necessitamos encontrar uma globalização que não signifique mais desigualdade. Iglesias sabe do que fala. Ele é uruguaio e conhece todo o continente (por exemplo, esteve várias vezes no Piauí e tem profunda admiração pela Serra da Capivara). Sabe que a América Latina é hoje uma região amplamente integrada ao mundo, mas uma integração que favorece a muito poucos.
A Cumbre de Salamanca deve deixar claro também que o modelo buscado não é o de Chavez, o presidente da Venezuela que vem acumulando fabulosos índices de desenvolvimento. Mas o crescimento da Venezuela não tem nada a ver com Chavez, e sim com a alta dos preços do petróleo, produto que o país exporta (inclusive para o Brasil). Chavez é visto hoje muito mais com temor, não por ser de esquerda, mas por ser pouco respeitoso com as instituições - recorre ao velho populismo para colocar-se acima das instituições, do Estado, acima do bem e mal.
Certo mesmo é que a América Latina precisa de um novo caminho, um caminho que concilie democracia e mais igualdade. Aquele receituário oferecido pelo Consenso de Washington não rendeu os resultados esperados para a maioria. Temos um nível de pobreza insuportável. E ninguém com o mínimo de sensibilidade pode ficar indiferente a tanto. Tomara que os integrantes da Cumbre pensem assim.