Tuesday, June 13, 2006

Joguinho pouco, pouquinho

O jogo da seleção pareceu a corrida eleitoral no Piauí: totalmente sem graça.
Venceu. Mas esteve longe de convencer.
Quem jogou pra escapar: o temerário Dida, mais Roberto Carlos, Zé Roberto, a dupla de zaga e - claro!! - Kaká, com seu gol salvador.
Numa segunda fase, teremos pela frente Itália ou República Tcheca.
Para passar por qualquer uma das duas teremos que jogar muito, mito mais.

Friday, June 09, 2006

A Copa paralela do marketing

Há uma Copa do Mundo paralela na Alemanha. É copa do marketing.
Me explico: as fornecedoras de material esportivo travam uma guerra nem tão surda pelo título do mundial.
Pelo menos em numero, a Puma (marca alemã surgida de uma divisão da Adidas) parte na frente, assinando o uniforme de 11 seleções. Em seguida vem a Nike, com 9. Adidas patrocina 6 seleções, Umbro e Lotto respondem por duas, cada, e Joma e Marathon têm uma.
Apesar da diferença de número, quase todas (exceto Joma, Marathon e Lotto) patrocinam pelo menos uma equipe com boas chances.
É só conferir quem patrocina quem:
Puma – Itália, República Tcheca, Costa do Marfim, Gana, Polônia, Suíça, Tunísia, Angola, Arábia Saudita, Irã e Paraguai.
Nike – Brasil, Portugal, Holanda, Estados Unidos, Austrália, Coréia, México, Togo e Croácia.
Adidas – Alemanha, França, Argentina, Espanha, Japão e Trinidad e Tobago.
Umbro – Inglaterra e Suécia.
Lotto – Ucrânia e Sérvia-Montenegro.
Joma – Costa Rica.Marathon – Equador.

Alemanha vence, mas...

Alemanha estréia com vitória na Copa 2006: 4 a 2 na Costa Rica.
Resumo do jogo: nenhuma das duas equipes convenceu.
A Alemanha mostrou fragilidade na defesa e alguma forca no ataque, mas nem tanto.
Costa Rica mostrou uma ingenuidade sem limites e uma defesa fraquinha, fraquinha.
A equipe centro-americana seguramente volta logo para casa.
Já a Alemanha precisa mostrar mais futebol para sonhar com o titulo.

Thursday, June 08, 2006

Caetano, Torquato e Cajuína

O Blog do Moreno (http://oglobo.globo.com/online/blogs/moreno/) publicou ontem um texto do próprio Cateano Veloso explicando como surgiu a lindíssima Cajuina, música que toca direto o coração da gente.
Como piauiense, fã do Torquato Neto e amante da boa música, vale a pena ler.
Fala, Caetano:

"Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato.Torquato estava, de certa forma , afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool).
Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres.Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso.
No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo.
Chico e eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal. Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental.
Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar. Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa.
Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava.Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei.
No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína".

Para relembrar, a letra:
Cajuína
(Caetano Veloso)

Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina